terça-feira, 14 de outubro de 2008
REPETIÇÃO
segunda-feira, 14 de julho de 2008
ESPAÇO PÚBLICO
Por ser um espaço onde qualquer pessoa pode ter acesso, na nossa cultura, infelizmente, ele é comumente interpretado como “espaço sem dono” ou “espaço de ninguém”. Portanto, o espaço público gera medo e nele as pessoas mantêm-se afastadas uma das outras como forma de se proteger. Considerando os parâmetros de Hall, as pessoas procuram se distanciar umas das outras cerca de 3,50 à 7,50 metros, distância a qual “uma pessoa pode empreender uma ação de fuga ou defesa, se ameaçada”. (Hall apud OKAMOTO, 2002, p. 175).
*fragmentos de Monografia "ARQUITETURA... UMA PAUSA PARA A EMOÇÃO", apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes em 2007. Autoria: Carolina A. Vasconcelos
sábado, 5 de julho de 2008
"O padrão arquitetônico também segrega, separa, expulsa"
Foto 43: Edifício E-Tower “Gritando” por Atenção. Fonte: http://www.arcoweb.com.br/
Citemos o Edifício E-Tower, situado na Vila Olímpia, junto à marginal Pinheiros, na cidade de São Paulo, projeto assinado pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos.
Chama atenção por ser monumental em todos os seus aspectos, característica atualmente buscada de maneira até incessante, na arquitetura contemporânea, o que se constitui no reflexo de uma cultura globalizada e consumista. Segundo Pallasmaa, atualmente “tudo tem que ser rápido e instantâneo. Ademais, há um excesso de todas as coisas. Sobretudo de informação. Se quiseres angariar atenção, tens que falar alto”. (Pallasmaa apud Revista Viver Cidades, n. 18, s/data, p. 3).
E o edifício aqui parece “gritar”. E não se conforma em fazê-lo uma só vez, e por isso o faz três vezes.
Primeiramente causa impacto aos olhos seu excesso de luz, devido à película de vidro espelhado e granito polido que revestem todo o edifício, exagerando assim, do sentido da visão, pois, como foi dito, segundo Pallasmaa, a imagem visual é a que causa um impacto mais imediato e instantâneo.
Devido à sua escala proporcional e, até mesmo, exageradamente maior que a escala humana, o edifício de 148 metros de altura, causa um impacto ainda maior, num segundo momento. Ele consegue ser imponente mesmo frente às edificações do entorno, que já possuem uma escala predominantemente maior do que a do ser humano. Seu hall de entrada possui uma altura superior a três pés direitos com, 10 metros, o que dar um ar de sofisticação e imponência, comum às obras contemporâneas do séc. XXI., inspiradas inconscientemente na arquitetura clássica romana, que, segundo Zevi, é um estilo que “serve para os interiores (...) em obras que impressionam pela grandeza e pelas dimensões, mas não comovem pela inspiração; obras quase sempre frias, onde não nos sentimos em casa”. (ZEVI, 1918, p. 70).
Em terceiro lugar, o edifício chama a atenção pelo diálogo que faz entre seus volumes escalonados, aguçando o sentido do tato, que nos permite a noção de tridimensionalidade.
Contudo, este é apenas um dos tantos edifícios que hoje em dia são cada vez mais comuns. Infelizmente, essas edificações são vistas por nós como o símbolo do progresso e riqueza das grandes metrópoles. Apesar de obterem seu devido valor arquitetônico, pois o projeto foi premiado pela Asbea, na categoria “edifícios de serviço” (Revista Projeto Design n. 322, 2006), e até urbano, pois “Os autores criaram uma generosa praça no recuo frontal, dividindo espaço com um espelho d’água” (http://www.arcoweb.com.br/, 24/11/2007), o seu excesso nas cidades causa opressão.
Edificações como esta impõe uma “seleção natural” que afasta grande público, ditando quem deve ou não adentrá-lo. Não é qualquer pessoa que se sente à vontade para tal. Antes disso, o indivíduo chega a se questionar se está “à altura” daquela edificação, se está mesmo bem vestido ou se tem poder aquisitivo suficiente.
Conforme explicou Pallasmaa, é preciso saber usar da escala. As antigas catedrais, por exemplo, “falavam alto”, mas além de impressionar, te convidavam a entrar e proporcionavam um encontro íntimo consigo mesmo. (Pallasmaa apud Revista Viver Cidades n. 18, p. 3).
fragmentos de Monografia "ARQUITETURA... UMA PAUSA PARA A EMOÇÃO", apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes em 2007. Autoria: Carolina A. Vasconcelos.
BIBLIOGRAFIA: BOTTON, Allain de. A Arquitetura da Felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007./ FERNANDES, Patrícia de Aguiar. Ser Arquiteto: Um Resgate de Sua Essência. Aracaju: Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes, 2006./ Revista Viver Cidades, n. 18, sem data./ ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1918./ Revista Projeto Design, 322. Dezembro, 2006./ www.arcoweb.com.br/arquitetura, 24/11/2007, 19h.
"O padrão arquitetônico também segrega, separa, expulsa" (CARLOS, Ana Fani A. A Cidade. São Paulo: Contexto, 2007, p. 21)
quinta-feira, 3 de julho de 2008
O Tempo e O Ritmo
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Aqui Jás Uma Obra Modernista
Quando a especulação imobiliária decide o que é histórico.
Quando a especulação imobiliária define nossa cultura.”
(Danielle Menezes)
E a “evolução” continua a roubar nossa história e cultura, não permitindo que todos conheçam a sua própria cidade. O trânsito apressado não nos permite que olhemos para o lado e desta forma vamos perdendo a oportunidade de conhecer e admirar preciosidades. Quem consegue observar uma casa com calma, ver um detalhe em algum prédio, ou até mesmo observar o encanto das arvores em uma praça? É provável que muitos sequer conhecessem esta residência, pela qual hoje estamos de luto, chorando a sua morte. Ela representava um grande exemplar da arquitetura moderna, tão divulgada por Oscar Niemeyer. Sua beleza e singularidade às vezes encobertas pelo seu amplo jardim era alvo de admiração aos mais sensíveis transeuntes que por ali passavam. Beleza esta que só será possível, agora, vislumbrar em fotografias. É com tristeza que vou preparando meu álbum, a fim de mostrar aos meus netos, aquilo que um dia foi este exemplar da história da nossa cidade... NOSSA cidade!
(por Danielle Menezes e Carolina Vasconcelos – texto retirado de panfleto distribuído no dia 26/06/2008, quando pessoas se reuniram para manifestar seu descontentamento frente ao acontecido).
Foto do “LUTO”
Pilotis, planta livre, janelas em fita, espelhos d´água, colunas em “V” e um jardim exuberante de cuidadoso apuro são elementos que não mais se vê por aqui.
Tudo isso nos foi arrancado de uma vez só, em poucas horas.
Muitas vezes é preciso perder para poder valorizar, mas pena que em algumas delas sejam tarde demais para se fazer algo.
Me entristece bastante saber que ela não está mais ali compondo a paisagem do meu caminho pro trabalho. Me enfurece saber que serão construídas em seu lugar duas torres que provavelmente não será de um apuro arquitetônico a ponto de acalentar a dor.
Preconceito? Talvez... mas eu aposto que a perda foi irrecuperável.
LUTO!
...
segunda-feira, 23 de junho de 2008
O Silêncio
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor
(Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes)
Antes de existir tanta coisa existia várias outras coisas...
E me parece que antes de tudo isso a gente era mais "gente", mais ser humano, mais sentimento...
Menos tecnologia, menos ganância, menos distâncias.
Menos sons, menos stress, mais vento soprando, mais pássaros cantando.
Mais mãe, mais pai, mais filho. Menos babá, menos televisão, mais almoço, mais jantar, mais domingo no parque.
Que saudade de um tempo que nem vivi...
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Sergipe é o país do forró e Aracaju a capital da qualidade de vida
Cito trecho da reportagem cedida por Jean-Lois Cohen* à Revista Projeto Desing, janeiro 2008, quando lhe foi perguntando qual recomendação ele daria aos jovens arquitetos brasileiros.
“A mensagem a ser transmitida é a atenção contra a rápida assimilação da arquitetura das revistas e difundida pelas mídias. O dinamismo, a criatividade e a inventividade presentes nas cidades brasileiras deverão alimentar as respostas específicas. O importante é que os arquitetos sejam primeiramente observadores. O que fez de Le Corbusier um grande arquiteto foi sua capacidade de observar - para, por vezes, logo em seguida opor-se. Eu ainda diria que a arquitetura é uma cultura de projeto, mas também um conhecimento, e ainda a construção de um saber visual estrutural sobre a cidade, uma observação que os brasileiros devem fazer frente à sua porta, antes de pensar nos grandes mestres nacionais ou nas figuras da atualidade”.
Eu, enquanto jovem arquiteta que sou, aqui comigo, observo....observo...observo... e acabo sendo contrária a milhões de coisas e ocorrem em minha linda e pacata cidade de muitos festejos de São João.
Das duas afirmações muito difundida (com certo exagero até) que intitulam o post, concordo plenamente com a primeira. Sergipe me parece mesmo, entre esses meses de junho e julho, um país, onde seus municípios se configuram como cidades-estados, cada um com suas características culturais particulares fortemente identificadas quanto às festas típicas. Uma beleza! Muita música e comidas deliciosas que nos fazem esquecer dos problemas e de repente até veneramos alguma figura ilustre como o responsável por tudo. (!)
Mas e Aracaju? Será mesmo esta a capital da qualidade de vida? Será que qualidade de vida se resume a pegar um carro e ir até ao calçadão mal cheiroso da 13 de julho fazer atividade física? Ou será que significa ir morar frente à praia, onde se despejam o próprio esgotamento sanitário?
Só no nosso país mesmo... Pois é, somos referência simplesmente porque a maioria das cidades é, de longe, muito pior!
Aqui, a nossa frota de veículos automotores ainda não conseguiu poluir tanto o ar, as ruas ainda não são tão inseguras, e de quebra ainda podemos nos banhar em águas que ainda não são totalmente poluídas. Lamento informar que tal situação tem seus dias contados. E explico o por que:
Mensalmente são licenciados na cidade cerca de 500 veículos (imagina o transito daqui a 3 anos! E imagine agora a qualidade do ar!). Nós aracajuanos, cada dia que passa deixamos de utilizar nossos espaços públicos para nos trancafiar em condomínios fechados ou em shoppings centers por exemplo. Se nós, cidadãos, deixamos nossas ruas às moscas quem tomará conta delas? Quanto à poluição em nossas praias, repito que nossas águas ainda não estão com perda total, mas em algumas localidades como na Coroa do Meio e na Atalaia não é aconselhável o banho. E o que se espera de uma praia que está recebendo todos os dejetos da Zona de Expansão na falta de uma rede de tratamento? Diga-me você...
Pois bem, são apenas observações de uma jovem arquiteta.
* Cohen é historiador e crítico de arquitetura, professor de história da arquitetura no Instituto de Belas-Artes da Universidade de Nova York e na Universidade Paris 8, ex-diretor do Instituto Francês de Arquitetura.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Muito Prazer!
Mas, como disse Carrie, nada é para sempre, os sonhos mudam, as tendências vêm e vão, mas a amizade... nunca sairá da moda.
Recomendo às meninas mudarem-se para Paris, onde tudo ao redor é ainda mais fashion e a cidade mais humanizada...