quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sergipe é o país do forró e Aracaju a capital da qualidade de vida

Dedico aos meus amigos jovens arquitetos...

foto: Mário Luna (http://www.flickr.com/photos/10972791@N05/1221944731/)

Cito trecho da reportagem cedida por Jean-Lois Cohen* à Revista Projeto Desing, janeiro 2008, quando lhe foi perguntando qual recomendação ele daria aos jovens arquitetos brasileiros.

“A mensagem a ser transmitida é a atenção contra a rápida assimilação da arquitetura das revistas e difundida pelas mídias. O dinamismo, a criatividade e a inventividade presentes nas cidades brasileiras deverão alimentar as respostas específicas. O importante é que os arquitetos sejam primeiramente observadores. O que fez de Le Corbusier um grande arquiteto foi sua capacidade de observar - para, por vezes, logo em seguida opor-se. Eu ainda diria que a arquitetura é uma cultura de projeto, mas também um conhecimento, e ainda a construção de um saber visual estrutural sobre a cidade, uma observação que os brasileiros devem fazer frente à sua porta, antes de pensar nos grandes mestres nacionais ou nas figuras da atualidade”.

Eu, enquanto jovem arquiteta que sou, aqui comigo, observo....observo...observo... e acabo sendo contrária a milhões de coisas e ocorrem em minha linda e pacata cidade de muitos festejos de São João.

Das duas afirmações muito difundida (com certo exagero até) que intitulam o post, concordo plenamente com a primeira. Sergipe me parece mesmo, entre esses meses de junho e julho, um país, onde seus municípios se configuram como cidades-estados, cada um com suas características culturais particulares fortemente identificadas quanto às festas típicas. Uma beleza! Muita música e comidas deliciosas que nos fazem esquecer dos problemas e de repente até veneramos alguma figura ilustre como o responsável por tudo. (!)

Mas e Aracaju? Será mesmo esta a capital da qualidade de vida? Será que qualidade de vida se resume a pegar um carro e ir até ao calçadão mal cheiroso da 13 de julho fazer atividade física? Ou será que significa ir morar frente à praia, onde se despejam o próprio esgotamento sanitário?

Só no nosso país mesmo... Pois é, somos referência simplesmente porque a maioria das cidades é, de longe, muito pior!

Aqui, a nossa frota de veículos automotores ainda não conseguiu poluir tanto o ar, as ruas ainda não são tão inseguras, e de quebra ainda podemos nos banhar em águas que ainda não são totalmente poluídas. Lamento informar que tal situação tem seus dias contados. E explico o por que:

Mensalmente são licenciados na cidade cerca de 500 veículos (imagina o transito daqui a 3 anos! E imagine agora a qualidade do ar!). Nós aracajuanos, cada dia que passa deixamos de utilizar nossos espaços públicos para nos trancafiar em condomínios fechados ou em shoppings centers por exemplo. Se nós, cidadãos, deixamos nossas ruas às moscas quem tomará conta delas? Quanto à poluição em nossas praias, repito que nossas águas ainda não estão com perda total, mas em algumas localidades como na Coroa do Meio e na Atalaia não é aconselhável o banho. E o que se espera de uma praia que está recebendo todos os dejetos da Zona de Expansão na falta de uma rede de tratamento? Diga-me você...

Pois bem, são apenas observações de uma jovem arquiteta.

* Cohen é historiador e crítico de arquitetura, professor de história da arquitetura no Instituto de Belas-Artes da Universidade de Nova York e na Universidade Paris 8, ex-diretor do Instituto Francês de Arquitetura.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poxa ler isto hj, após saber que uma residência, exemplar do Movimento Moderno aqui em Aracaju, foi demolida aperta mais ainda o coração. Isto me faz pensar na "arquitetura" que estamos criando. Uma arquitetura que visa o dinheiro? Sem preocupação com a cultura, história e a população que irá utilizar? Uma arquitetura sem observação, sem sentimento?
Para mim a resposta para todas estas perguntas é SIM, isto mesmo, um sim bem grande. Consegui perceber isso ao viajar com um bando de estudantes de arquitetura, estes se limitavam a conhecer e observar as grandes construções. Não viam a as ruas por aonde passavam. Foi ai que me perguntei e fiquei pensativa. São estes os futuros arquitetos e agora vem este texto acompanhado com a notícia da casa. Ai, eu que me pergunto: A arquitetura tem futuro?

Carolina Vasconcelos disse...

ratificando...
segundo site da infonet,com base nos dados do Detran, uma média de 800 novos carros são lançados ao trânsito das ruas e avenidas aracajuanas mensalmente.
São mais do que mencionei no texto!!

vale a pena ler a matéria da infonet
http://www.infonet.com.br/cidade/ler.asp?id=74347&titulo=especial

Unknown disse...

Valeu Carolzete!!

Já tem um fã!!

Abração!

Sinhu