Quando a especulação imobiliária decide o que é histórico.
Quando a especulação imobiliária define nossa cultura.”
(Danielle Menezes)
E a “evolução” continua a roubar nossa história e cultura, não permitindo que todos conheçam a sua própria cidade. O trânsito apressado não nos permite que olhemos para o lado e desta forma vamos perdendo a oportunidade de conhecer e admirar preciosidades. Quem consegue observar uma casa com calma, ver um detalhe em algum prédio, ou até mesmo observar o encanto das arvores em uma praça? É provável que muitos sequer conhecessem esta residência, pela qual hoje estamos de luto, chorando a sua morte. Ela representava um grande exemplar da arquitetura moderna, tão divulgada por Oscar Niemeyer. Sua beleza e singularidade às vezes encobertas pelo seu amplo jardim era alvo de admiração aos mais sensíveis transeuntes que por ali passavam. Beleza esta que só será possível, agora, vislumbrar em fotografias. É com tristeza que vou preparando meu álbum, a fim de mostrar aos meus netos, aquilo que um dia foi este exemplar da história da nossa cidade... NOSSA cidade!
(por Danielle Menezes e Carolina Vasconcelos – texto retirado de panfleto distribuído no dia 26/06/2008, quando pessoas se reuniram para manifestar seu descontentamento frente ao acontecido).
Foto do “LUTO”
Pilotis, planta livre, janelas em fita, espelhos d´água, colunas em “V” e um jardim exuberante de cuidadoso apuro são elementos que não mais se vê por aqui.
Tudo isso nos foi arrancado de uma vez só, em poucas horas.
Muitas vezes é preciso perder para poder valorizar, mas pena que em algumas delas sejam tarde demais para se fazer algo.
Me entristece bastante saber que ela não está mais ali compondo a paisagem do meu caminho pro trabalho. Me enfurece saber que serão construídas em seu lugar duas torres que provavelmente não será de um apuro arquitetônico a ponto de acalentar a dor.
Preconceito? Talvez... mas eu aposto que a perda foi irrecuperável.
LUTO!
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