É com muita alegria que volto a escrever aqui nesse meu espacinho para falar de um assunto que tem tirado minhas noites de sono: MOSTRA ARACAJU.
Há alguns meses, meu amigo e agora parceiro Daniel Almeida me chamou para me juntar a ele nessa empreitada, e apesar da insegurança e falta de tempo, resolvi aceitar. Ficamos encarregados a transformar a fachada da casa principal, localizada na Reserva do Aimoré, futuro condomínio da cidade. Nessa época, há 3 meses atrás, a casa se encontrava bastante degradada, quase que abandonada mesmo... quase caímos para trás na primeira visita, ao imaginar o grande trabalho que teríamos pela frente!
Fachada antes da Intervenção (foto: Daniel Almeida)
Além
disso, quase todos os ambientes internos de responsabilidade de outros arquitetos culminaram
por inferir na nova fachada e por isso foi necessário quase que um malabarismo para criar uma unidade entre
os diferentes quatro lados da casa (isso mesmo, não foi só uma, mas QUATRO fachadas!)
Durante da obra... (foto: Renata Melo)
Porém,
ao invés de se desfazer do que havia ali e construir algo totalmente novo, sensibilizou-se
por preservar o existente, a começar pelo telhado, que era a primeira vista, o elemento
mais marcante da fachada, tanto pela sua cor original, verde escuro, quanto
pelo seu desenho, que imprimem personalidade e define o estilo da chácara. Procuramos respeitar a linha arquitetônica existente, mesmo que não muito agradável aos nossos olhos naquele momento, valorizando-a, em busca de uma arquitetura saudável e realmente sustentável, sem muito custo ou desperdício de material.
Fachada Mostra Aracaju (foto: Victor Balde)
E é assim que eu acho que uma mostra de arquitetura deve ser. Ela deve mostrar às pessoas modelos de uma arquitetura possível, com boas idéias, se utilizadando do que a gente já está ali e muitas vezes não é visto com beleza.
A idéia
então foi trazer cor, luz e vegetação, transformando a velha casa num ambiente
colorido, alegre, delicado e aconchegante, como uma casinha de bonecas, 'onde
todos os sonhos são possíveis", diferente da realidade vivida lá fora. Antes que
o visitante entre à casa, ele é convidado a parar e vislumbrar a bela paisagem
do entorno, no deck suspenso por luz, projetado todo em madeira, integrado à varanda
existente.
Deck suspenso em madeira ( foto: Victor Balde)
Na intervenção,
que se limitou basicamente à introdução de revestimentos e pintura novos,
buscou-se o contraste entre o rústico (encontrado nos novos revestimentos de
pedra e amadeirados) e a delicadeza de todo o colorido agora presente. Os guarda-corpos, o
banco do deck e as testeiras do telhado, foram pintados com um verde quase azul
(teal), cor escolhida para compor com o verde da telha e o azul do mar. As
velhas e quase deterioradas esquadrias foram restauradas e se tornaram
elementos de destaque, pintadas na cor amarelo, contrapondo-se à frieza do
verde e trazendo certa "brasilidade" ao projeto. Para reforçar a idéia, nas almofadas, estampas de papagaios bem tropicais.
As cores brasileiras ( foto: Victor Balde)
Um Brasil apresentado de maneira menos tradicional, optando por exaltar o que é da terra. Os painéis pintados pelos artistas sergipanos
Tintiliano e Duardo, junto às composições de ladrilhos hidráulicos, também
produzidos artesanalmente no estado, além de trazerem um colorido mais
sofisticado ao projeto, dão o merecido valor à cultura e à tradição
genuinamente sergipanas.
Pintura de Duardo (foto: Victor Balde)
A
vegetação aparece de forma inusitada no teto-jardim sobre as varandas (único espaço realmente construído do projeto) e no
jardim vertical emoldurado com madeira e iluminado por lamparinas feitas com
garrafas de vidro transparente, fabricadas artesanalmente por mim e por Daniel Almeida,
que é também lightdesign, levantando a discussão da consciência ecológica nos projetos arquitetônicos. Além
disso, lâmpadas de LED de alta intensidade e alto índice de reprodução de cor
foram utilizadas em vários pontos da fachada, reduzindo drasticamente o consumo
energético.
Jardim Vertical e Pintura de Tintiliano (foto: Victor Balde)
Os alicerces aparentes receberam texturas
na cor café, um marrom bem escuro que se camufla junto ao paisagismo,
“soltando” a edificação do solo.
.
Alicerce em cor escura "solta" a edificação do solo (foto: Victor Balde)
Focos de luz direcionam o olhar para os detalhes e elementos mais importantes da fachada. Os nichos iluminados no Hall de Entrada funcionam como um portal, hierarquizando a entrada e conduzindo o visitante para dentro da casa.
Focos de luz direcionam o olhar para os detalhes e elementos mais importantes da fachada. Os nichos iluminados no Hall de Entrada funcionam como um portal, hierarquizando a entrada e conduzindo o visitante para dentro da casa.
A bicicleta sugere um modo de vida saudável (foto: Renata Melo)
Eu e Daniel estamos muito felizes com o resultado do nosso projeto e só temos que agradecer a todos os nossos parceiros, que cito logo abaixo, e também a nossos pais e amigos que ajudaram de alguma forma para que tudo isso fosse possível.
A Mostra Aracaju está sendo exposta na Reserva do Aimoré (vizinho ao Terêncio), das 16h às 21h, de terça à domingo, até o dia 30 de setembro. Contamos com a visita de todos vocês!
***Fachada Mostra Aracaju 2012***
Arquitetos: Carolina Vasconcelos e Daniel Almeida
Iluminação: Ponto Eletro
Revestimentos: Classe A
Ladrilhos Hidráulicos: Oficina de Ladrilhos
Madeiramento: Dunnas Madeiras
Paisagismo: Espaço Florescer
Mat. de Construção: Fartese
Decoração: Le Vanille Casa
Gesso: Designer Gesso
Quadros: Fast Frame
Almofadas: Xangotex
Bicicleta: Ecociclo Bicicleteria
Mão de Obra: Felpes Construções
Intervenções Artísticas: Tintiliano e Duardo Costa
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